A dupla transição verde e digital europeia
definiu um horizonte transformador comum para 2030. Consideremos brevemente o
impacto que esta visão pode ter nas nossas cidades.
Os mapas de uma cidade, na sua diversidade
– transportes subterrâneos e à superfície, comunicações, eletricidade, gás,
água, saneamento, vias pedonais, serviços, horários de serviços, serviços sem
horários, segurança, lazer e ócio, património, tradição, cultura e desporto;
habitantes e visitantes, decisores, apaixonados e amantes, para mencionar
algumas dimensões mais ou menos visíveis da cidade – constituem parte de uma
ecologia do território, coletivo, subjetivo e livre, de onde não se excluem
outras formas de vida. Facilmente percebemos o papel da criatividade na gestão
de um sistema tão complexo. A criatividade e diversidade cultural definem a
cidade inclusiva e tolerante, integradora de muitas comunidades. Será a cidade
criativa uma cidade dentro da cidade? Há um ou vários modelos de cidade
criativa, por exemplo: como evento, capaz de gerar uma “capacidade coletiva de
transformar”, para usar uma expressão do Pacto Ecológico Europeu?
Na cidade criativa podemos encontrar
espaço para a cidade da imaginação. No futuro, podemos conceber uma rede global
de cidades da imaginação?
A partir do tema “Novos paradigmas do futuro das cidades” a Altice Labs e o V21 – Centro de Incubação Tecnológico de Viseu, promoveram no dia 19 de maio, pelas 11:30h, o 4º
Moving Forward webinar / 2021 Edition com o tema “Cidades Criativas”, que contou com a
participação de: Paulo Pereira - Diretor de Estratégia de Inovação e
Tecnologia da Altice Labs; João dos Santos - Artista, Diretor da
Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, do Politécnico de Leiria
e moderador deste webinar; André Cester Costa - Chefe de Divisão
na Câmara Municipal de Aveiro e Gestor do Projeto “Aveiro STEAM
City”, Guilherme Gomes – Ator e Encenador - Artes Performativas no
Contexto da Transformação Digital; Luís Ferreira - Programador
Cultural - Cidades como Espaço Criativo; Sérgio Lorga - Diretor
Executivo da Vissaium XXI.
Na abertura do webinar, Paulo Pereira, destacou a necessidade absoluta de evolução para uma existência mais sustentável e em plena transição digital, e que as cidades de hoje caracterizam-se pela sua multi-culturalidade, multi-comunidade e absoluta diversidade. A criatividade será a característica diferenciadora do grau de satisfação dos clientes das cidades: a sua população.
João dos Santos, moderador desta sessão, começou por apresentar uma interessante metáfora: A excursão da imaginação, uma viagem num planeta Terra transparente, traria a sensação de sermos todos vizinhos, numa cultura global. Apresentou também a sua visão sobre as características de uma Cidade Criativa: atraente, inclusiva, equitativa, aberta ao mundo, que se distingue pela colaboração, elasticidade e múltiplos contornos. São cidades da imaginação. Concretizam uma visão do futuro, criam as condições do futuro, agora.
Lançado o mote, foi a vez de André Cester Costa, explicou as iniciativas da Cidade de Aveiro na área do projeto Aveiro STEAM City, nomeadamente: - Na Educação: Projeto TechLabs para ensino básico e secundário, promovendo o gosto por STEAM (Ciencias, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática); desenvolvimento de trabalho efetivo e ligado aos curriculos educativos das Escolas. - Na estratégia de Apoio cultural: Aveiro Criatech residences - idealização colaborativa; objetivo de explorar no futuro a ligação do Aveiro Tech City Living Lab com o mundo cultural; MTF Labs - prototipagem de inovação em ambiente perfeitamente colaborativo em redor do tema musica.
Guilherme Gomes falou de como a Transição Digital poderá dar a tentação de criar coisas que não estão enquadradas no tempo e no espaço e o impacto que isso poderá ter na interpretação dos conteúdos quando apresentadas em locais muito concretos. Destacou os Espetáculos (físicos, presenciais) enquanto encontro e afirmou que a transformação digital deve ser explorada e potenciada, pois abre enormes oportunidades e desafios ao setor das artes. Apresentou o conceito de narrativa “transmedia” enquanto oportunidade de contar uma história sobre vários meios diferentes e a possibilidade de alcançar novos públicos em novas geografias. A transição digital oferece a possibilidade de inventar lugares futuros. Concluiu que a Transição Digital nas artes performativas nunca será completa!
Luís Ferreira falou-nos da forma como o programa Cultural da cidade de Ílhavo “23 milhas” (23 milhas é a distância a que é possível visualizar o farol da Barra de Aveiro, durante a noite), pensa a cultura de forma abrangente, numa tentativa de tornar uma cidade mais criativa e um ponto de encontro e convívio da diversidade identitária. Nesse sentido, destacou: • Os espaços públicos devem promover o encontro; • A importância da Cultura, enquanto ferramenta de empatia, de inclusão, de pertença ajudando a definir a ideia de coletivo; • A Cidade uníssona é um erro: a diversidade intercultural estimula a curiosidade e aceitação da diferença e do outro; • Forma tribal de fazer cultura tem de ser alterada e é necessário utilizar as ferramentas da transição digital. Referiu ainda que a arte e a cultura despertam o gosto pelo desconhecido e pelo novo sendo por isso um instrumento que contribui para a inovação. Em síntese, os conteúdos devem promover a diversidade, o pluralismo e a sustentabilidade.
Seguiu-se um período de debate, tendo João dos Santos desafiado os oradores a refletir sobre a especialização das regiões e o seu reflexo na criatividade.
André Cester Costa defendeu que cidades devem serem inclusivas, inteligentes e verdes e requerem a integração de políticas com uma visão holística de desenvolvimento.
Luís Ferreira destacou que as pessoas não devem ser vistas como carga, mas devem ser envolvidas no processo de pensar sobre os problemas e na procura de soluções e projetos que estimulem o seu sentimento de pertença ao território.
Guilherme Gomes referiu que “podemos todos partilhar os mesmos palcos, mas de formas diferentes, havendo sempre um lado irrepetível que depende da forma como são vividas as experiências”.
A encerrar o webinar, Sérgio Lorga agradeceu a presença de todos intervenientes e fez um resumo das intervenções dos oradores.
Este 4º webinar pode ser revisto aqui.